sexta-feira, 8 de março de 2013

Esperança Insaciada

Em tempos passados, em terras distantes existiu uma jovem princesa, herdeira de um imenso castelo de pedras, cercado por jardins encantados, floridos e bem cuidados.
Filha de um rei muito rude, rancoroso e cruel, a jovem sofria por ter um coração puro e sensível e também por sua ousadia e coragem de enfrentar seu pais, contra as mais terríveis crueldades cometidas por ele, em cima dos plebeus.
A moça de cabelos compridos e negros, olhos castanhos medianos, lábios finos e retos de tom rosado, encontrava-se sempre trajada de belos vestidos rendados e bordados a mão por suas serviçais.
Em uma das afrontas, o rei sem paciência, ofendido por ser humilhado, ordenou uma punição drástica. A jovem foi levada, presa e isolada no porão de um farol, na beira de um penhasco, junto ao mar.
Esquecera o rei, que naquele lugar, antepassados armazenavam uma grande quantia de garrafas de vinho, para curtir e envelhecê-los. Os quais por alguma razão e ironia do destino foram esquecidos e só agora encontrados pela bela morena dos olhos em tons de mel. Viu-se, ali, uma grande chance de pedir socorro, ser encontrada e libertada do castigo.
A cada dia, a mais bela jovem de todas as cortes, bebia uma garrafa de vinho, escrevia uma mensagem de socorro, colocava dentro da garrafa, pressionava a rolha e através de uma pequena janela, atirava a garrafa ao mar. 
A esperança de um dia receber um sinal ou uma resposta era tamanha, que a jovem passou a beber todos os dias e escrevia incansavelmente.
Mas essa história não tem um final feliz, pois a bela tornou-se alcoólatra e nunca foi encontrada. Pois, o que antes era esperança transformou-se em vinho seco insaciável.